terça-feira, 29 de abril de 2014

| Iris de Guimarães|

15 de abril de 2014






O cheiro da lembrança 




Naquela madrugada, floresceu o jardim do vizinho. O cheiro de flor entrou porta adentro, misturado ao sereno, instalou-se na sala de casa e soprou com cuidado nas cortinas do quarto onde, sempre desperta no escuro, ela ainda espera por ele. Mas toda vez que aquele cheiro toca os seus sentidos, ela lembra, compreende por instinto que aquela saudade misturada ao cheiro de flores foi e ainda é uma confirmação... 

Ele morreu há um ano e ela mudou-se daquela cidade e não retornou à vizinhança daquele jardim, mas ela nunca voltou totalmente daquela madrugada. E, mesmo hoje, em qualquer quarto, de qualquer cidade, cada vez que ela se lembra dele, a saudade dele tem esse cheiro de flor que entra e sai por qualquer janela.



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